Adão, embora umas das figuras emblemáticas da narrativa bíblica, sequer vislumbrou algum projeto das Sagradas Escrituras, que só viria a inciar-se séculos depois. Quase dois mil anos depois que o último ponto foi dado na Bíblia, um xará do primeiro homem resolveu iniciar um projeto bem interessante.
Adam Greene é um designer de livros, ele estuda o modo como as informações são dispostas: capítulos, margens, espaçamento, etc. a fim de proporcionar uma experiência mais agradável ao leitor. Um desses estudos mais recente foi a Bíblia, surgindo assim o projeto Bibliotheca.
Com todas as suas divisões em capítulos, versículos e uma imensa quantidade de informação condensada em um único volume, Greene destrinchou os principais aspectos que fazem da Bíblia tradicional um livro amedontrador para a maioria dos leitores e estranhamente massante – apesar de uma história e narrativa extremamente rica. Feita a análise, ele partiu para o segundo passo: aplicar as mudanças.
Principais mudanças:
Antes é importante lembrar que as mudanças foram todas no “design”, ou seja, na organização do texto. A tradução utilizada por Greene foi a ASV (American Standard Version – Versão Padrão Americana).
1) Divisão em tomos: A Bibliotheca é dividida em 4 livros:
– Pentateuco e profetas menores;
– Profetas maiores;
– Os escritos (basicamente o restante do antigo testamento);
– Novo testamento.
2) Remoção de parte da numeração: Apenas a numeração de capítulos foi mantida, para que o texto seguisse como os livros que já estamos habituados.
3) Remoção das colunas: Nenhuma novidade aqui, já que várias versões da Bíblia atuais não mais usam a clássica divisão em duas colunas de texto nas páginas.
4) Substituição dos “vós” por “vocês”: Não se trata de uma adaptação textual, o tradicional é mantido com apenas uma atualização exclusivamente nos pronomes.
5) Fonte própria: Pode ser considerada um detalhe por muitos, mas a fonte utilizada no texto interfere bastante na leitura. O autor realizou todo um trabalho com base em sua caligrafia no intuito de transmitir para o projeto a sensação de um história passada através de gerações. O Brainstorm9 montou um gif que mostra esse trabalho:
Se seu inglês não estiver enferrujado, pode ainda conferir o vídeo de lançamento do projeto no Kickstarter – com informações mais detalhadas e uma visualização do produto final.
A ideia lembra a iniciativa do Eugente Peterson, com a “The Message” (A Mensagem, no Brasil), a diferença está justamente no conteúdo. Enquanto Peterson traz uma versão do que ele mesmo interpreta da Bíblia, o projeto Bibliotheca traz o texto em tradução fiel, sem adaptações.
Ou seja, Bibliotheca é a Bíblia em sentido literal, apenas com uma aparência renovada.
UPDATE: Bibliotheca teve sua campanha encerrada no Kickstarter no dia 27/07/2014.
Os livros somente sairão em inglês e para receber aqui no Brasil, a bagatela sai por volta de U$ 188,00.
Resta agora a dúvida/esperança: Será que com o sucesso estrondoso do projeto (Greene já arrecadou mais de 600 mil dólares, dos 35 mil idealizados) versões em outros idiomas virão?
Capa: reprodução.