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úsica Folk é um gênero musical muito popular dos anos 50 e 60. Antes era conhecido como “avivamento folk”. O folk tradicional é formado por canções mais antigas, conhecidas por muitas pessoas, mas por artistas desconhecidos, tipicamente com um forte lirismo, violões e gaitas. Tudo isso evoluiu para o folk usual, usando os mesmos instrumentos, mas com conceitos mais modernos e artistas conhecidos. Canções folk normalmente têm letras fortes e profundas sobre o ponto de vista do artista sobre o mundo, expressando fortes emoções ou contando uma história. Posteriormente o folk mudou com o tempo, também se tornando o folk rock e o folk elétrico. Tecnicamente o country é uma subcategoria do folk. Os artistas mais famosos do gênero são Bob Dylan, Neil Young, Joan Baez, Paul Simon e Johnny Cash”. – Traduzido livremente do Urban Dictionary
O termo é gringo, mas rock também é. O tal do folk passeia pela música brasileira com a discrição que sua história pede. Não sendo mais apenas uma onda, a tendência vem se firmando e nos permite uma caminhada pelos rumos acústicos trilhados pela música cristã nacional.
Eduardo Mano faz seu som folk há anos. Lançou alguns EPs, discos – entre altos e baixos. De produção intensa e totalmente independente, está sempre com algum trabalho novo na web. No geral, tudo gratuito para download, alguns com versões físicas. O mais recente, “Guarda Teu Coração”, é um disco intimista em todos os sentidos. Mano se trancou no quarto de casa e gravou tudo por conta própria – não apenas tocando e cantando, mas também operando a captação e mixagem. Este disco mais recente talvez seja o mais mais difícil de ser “digerido”. Há uma carga de hiper-pessoalidade nas canções, onde a profundidade das experiências ficam evidentes. Mas há também o fator técnico. Os que são menos a par do trabalho dele ainda podem reclamar do que poderia, erroneamente, se rotular de “amadorismo”. Mano chama de escolha não afinar digitalmente algumas vozes, por exemplo. O mais importante, porém, é que “Guarda Teu Coração” continua coerente diante do que o cantor sempre fez.
Ouça:
Victor Vieira é um capixaba que também chegou via web com folk há alguns poucos anos. “Uns aos Outros” é o seu primeiro disco, disponível para audição em seu blog. Assim como Eduardo Mano, Vieira faz canções cristãs de exaltação ao Deus a que dedica a fé. Tais canções geralmente são entoadas em contextos eclesiásticos e o acústico-folk sempre representará algo mais intimista, “para poucas pessoas”. Os irmãos Souza (Lucas e Lúcio) produziram a parte musical do seu trabalho, trazendo um trato fino inicial em pequenos temas de arranjo que ajudam a delimitar bem as canções. Destaque para “Eis-me Aqui”, que larga o violão e passeia por um belíssimo piano. Mano e Vieira têm em comum uma busca por canções congregacionais, de estruturas simples que ajudam à participação imediata de uma plateia.
Ouça:
Rafael Porto é o novato dessa lista. Ainda que não seja novidade seu envolvimento com música (lembram do Alforria?), sua investida no mundo que descrevemos aqui é “destes dias”, por assim dizer. Lançou algumas canções entre o final de 2012 e o começo de 2013. Na mesma linha e com interesse explícito em músicas que refletem sua espiritualidade de maneira aberta, escrevendo sobre temáticas cristãs, Rafael chega prometendo. A esperança é que não nos deixe com poucas canções, como fez o Alforria.
Ouça:
Fato importante até esta altura do texto: os três se conhecem, divulgam os trabalhos uns dos outros e até chegaram a compartilhar projetos em conjunto. O coletivo “Echo” foi lançado tempos atrás, unindo os trabalhos de Rafael (ainda como Alforria) e Eduardo Mano. Talvez fosse importante relembrar um pequeno passeio de Lucas Souza pelo folk acústico, com seu disco de hinos antigos, no “Doxologia”. Lucas, que encerrou a banda recentemente, apresentou uma das homenagens mais legais ao hinário cristão.
Os Arrais é o único nome da lista que não representa um artista solo. A dupla dos irmãos André e Tiago Arrais carrega o sobrenome e o background de já terem sido gravados por Leonardo Gonçalves. Também adventistas, honram a tradição da excelência musical da denominação. Mas, calma, não espere um Arautos do Rei. Seguramente o nome mais popular dessa lista, Os Arrais trazem uma profundidade e excelência poética pouco vistas em letras cristãs nos últimos anos. “Esperança” e “17 de janeiro” encabeçam o excelente disco Mais, lançado em 2013. Os irmãos moram nos Estados Unidos e fazem anuais visitas ao Brasil para circular o trabalho.
Ouça:
Além de buscar encontrar aqui um rótulo fácil para uma tendência, a tentativa é registrar – entender nossa história, discernir os tempos. Assim como já fiz com o “Hope Rock” (Palavrantiga, Tanlan, Velho Irlandês, Alforria e outros), o objetivo aqui é encontrar vetores: traços que expressam rumos em comum que estão sendo seguidos por artistas que fazem arte hoje.
Caberiam análises estéticas mais aprofundadas, mas faria do texto mais hermético e delimitado do que ele já é para parte do público do blog. Fico por aqui, então, deixando espaço de comentários para que vocês continuem construindo a ideia. Quais outros nomes têm feito o folk cristão brasileiro?