A experiência é uma versão dramática de De Volta Para O Futuro. Otis Johnson foi preso aos 25 anos de idade por tentativa de homicídio a um policial, cumpriu sua pena e já beirando os 70 foi ao encontro de um mundo completamente diferente daquele que havia deixado quando entrou entrou na prisão.
Em vídeo produzido pela Al Jazeera, Otis fala de sua experiência ao voltar para o mundo. Na janelas das lojas da Times Square ele se surpreende com os letreiros eletrônicos, “antes não tinha isso… apenas pessoas passando de um lado para outro.” – diz ele, enquanto aponta para uma das inúmeras chamadas de promoção.
“Eu vi que todo mundo, a maioria das pessoas, estavam falando com elas mesmas. Então olhei mais de perto e elas pareciam ter coisas em suas orelhas (…) iPhones, é como eles chamam aquilo, ou alguma coisa assim. E eu pensei na minha cabeça: todo mundo virou agente da CIA ou coisa do tipo?
Por que é a única coisa que eu consigo pensar de alguém andando por aí com fios nos ouvidos.”
Assista ao vídeo (legendas em inglês):
Otis fala sobre como gosta de andar de ônibus (pois vê pessoas diferentes) e de tomar sol pelo simples fato de poder fazê-lo quando desejar. Vê-lo experimentar vários tipo de Gatorade apenas por ser colorido e regozijar-se por descobrir que uma marca de manteiga de amendoim ainda é a mesma desde 1960, nos ajuda a reorganizar nossas prioridades – atividade que precisa ser feita de tempos em tempos.
Em 1998 ele conta que perdeu contato com sua família, fala de suas sobrinhas e de como sente saudades de todos, mas curiosamente não se deixa abater. Otis termina o vídeo com uma lição sobre recomeços e perseverança, segue uma tradução livre:
“Quando eu não tenho nada a pra fazer, mais ou menos 6 horas da noite, já que está bom do lado de fora, eu vou ao parque. Às vezes eu simplesmente medito.
Você precisa deixar as coisas para trás, por que se apegar à raiva vai apenas estagnar seu crescimento e desenvolvimento.
Muita gente diz: ‘a sociedade está me devendo, porque eu fiquei preso esse tempo todo; mesmo tendo cometido o crime.’
Eu não penso assim. Eu não acho que a sociedade me deva coisa alguma. Eu acredito que tudo acontece por uma razão.
Então eu deixei isso para trás.
Eu lido com o futuro, ao invés de lidar com o passado.
Eu tento não andar para trás, mas sim para frente. E é assim que eu sobrevivo na sociedade.”