Na última quinta-feira (10 de abril), Marcelo Adnet estreou seu novo quadro na Rede Globo, intitulado: “Tá no Ar”, e trouxe com ele boas novas: o bom humor ainda dá seus suspiros.
Dentre as boas novas, houve uma Muito Boa Nova: o clipe musical onde Jesus é encarado como “JC de Nazaré” e manda seus recados para os “Romanos que vem subindo o morro”. Por não permitir a incorporação, você pode assistir o clipe clicando AQUI ou na figura abaixo:
A brincadeira já não seria tão novidade na internet, mas na maior emissora de TV aberta do país chama bastante atenção e já merece recomendação e defesa.
O universo cristão é historicamente avesso ao humor, a questão é problemática e tem sido abordada desde obras clássicas como “O nome da rosa“. O que Adnet faz no vídeo – ou acredita que faz – é aquilo que o também humorista Murilo Gun batizou de “Colisão de Universos”, ou seja, Jesus Cristo é lançado em meio às periferias e favelas e isso cria a situação engraçada: dois mundos que não deveriam se encontrar, unem-se.
Será?
A reação de repúdio, para alguns, e riso, para outros, vem da ideia de que “JC de Nazaré” não pertenceria ao meio retratado. Jesus não deveria ser associado com ambientes de baixo desenvolvimento social, prostituição e crime; tampouco se comunicaria através de uma linguagem frequentemente atribuída aos que estão à margem da sociedade.
O Jesus pintado em afrescos e vitrais é estático e jamais passará de adorno, o Jesus que caminhou entre os homens não atraía e nem discursava, dada suas exceções, para a elite. Veio para os que não tinham nada e, em seu último diálogo terreno, salvou um ladrão (que estava amarrado em um poste, assim como Ele).
Com uma coerência Bíblica de envergonhar pregadores renomados, “Muito Boa Nova” deveria se aproximar mais de uma adaptação histórica que um vídeo de humor. Mas nós construímos a piada.
Capa: reprodução.
Para ver a entrevista que Murilo Gun menciona sua teoria, clique AQUI.