Era uma vez um homem que vivia pelos céus até que foi trazido para a terra. Nesse evento ele foi cativado pelo olhar de uma criança que, comparado a tudo que ele era, parecia tão efêmera a ponto de desaparecer com um simples sopro seu.
Ela lhe pedia coisas simples e ele as atendia, pois eram genuínas e tinham tanto a dizer que logo depois seriam escritas e transmitidas aos homes que tivessem ouvidos para ouvi-las.
Mas um vilão espreitava de longe e tramava seu plano. A presunção era paciente e aos poucos ela dizia que aquela história não trazia nada de novo, era repetida e com apenas uma palavra começava a destruir a bela mensagem: clichê.
Porém, para seu azar ela descobriu-se impotente perante um tipo diferente de gente: as crianças.
Não havia como a presunção adentrar o coração dos pequeninos, pois eles ainda não se julgavam conhecedores coisa alguma. Não sabiam sobre o sol, a gravidade, os carros, e a cor do céu poderia muito bem ter sido espalhada com um pincel gigante.
Eles ouviam a história trazida pelo homem que veio do céu e não se cansavam. Pediam-na de novo e de novo sem nunca se cansar de ouvi-la, e cada vez seus olhos brilhavam e o sorriso se abria pois algo novo sempre surgia daquele mesmo conto.
Então o discurso sobre amar, sobre cuidar de quem amamos, sobre olhar as estrelas e enxergar mil coisas através do seu brilho, foi salvo. E o plano da presunção foi destruído graças a este segredo: basta ouvir como criança.