Desempregado, cansado e frustrado, Saitama está voltando para casa quando salva uma criança de um homem-lagosta gigante. A partir de então ele desiste da vida nos escritórios e resolve ser um super-herói.
Refletindo não só o desejo secreto que a maioria de nós possui, ou seja, abandonar a o dia-a-dia estressante e dedicar-se à uma causa nobre e justa, esse herói satírico incorpora também um desejo ainda mais profundo do ser humano: um poder – teoricamente – absoluto.
O autor, conhecido apenas por seu pseudônimo “ONE”, começou a série de forma despretensiosa e quase como um passatempo. Com traços simplórios e um enredo muito mais focado na sátira e no absurdo, conseguiu conquistar uma enorme base de fãs ao ponto de conseguir um contrato com a Young Jump Web Comics e foi redesenhado por Yusuke Murata.
Em uma era em que se fala da “Nolanização” dos super-heróis, que se traduz na extrema humanização de personagens e conflitos, vemos ícones como Batman e Super-Man mergulhados em dilemas pessoais e embates morais para tornar seu universo o mais “humano”.
No histórico nipônico temos personagens bem conhecidos no ocidente como Goku e o famoso cavaleiro de pégaso Seiya, ambos notórios pelas inúmeras agruras e dificuldades que passaram até conseguirem derrotar seus inimigos e galgar uma posição no pódio dos super.
Contrariando tudo isso temos um herói imune a qualquer ataque, capaz de derrotar qualquer inimigo com apenas um soco e mais preocupado em não perder a liquidação do supermercado do que a real consequência de suas atitudes.
O One Punch Man não percorreu um caminho dificultoso para se tornar poderoso. Como ele mesmo explica, tudo não passou de simples treinamento físico: “100 flexões, 100 abdominais, 100 agachamentos e uma corrida de 10km, todos os dias. Repita isso até seu cabelo cair.”
Um herói que parte do ridículo para atingir o impossível e, quando consegue, se torna tão carismático que vira uma aula sobre tudo aquilo que o Super-Man deveria ser, mas não é. Sem ganâncias, sem complexos, nenhuma crise existencial; não é um modelo de conduta, dedicação ou determinação.
Detendo um poder sem limites, Saitama é claro ao afirmar que “ter um poder esmagador é infernalmente chato”, e reforça isso sempre que seus inimigos perecem após apenas um soco seu e ele mais uma vez se frustra por não encontrar uma luta que considere decente.
Fica claro, então, que One Punch Man satiriza os clássicos heróis dos mangás e animes japoneses e trabalha em um nível de comédia pouco explorado pelos quadrinhos ocidentais – deixaria DeadPool babando de inveja.
Heróis, trama, poder, vilões, todos compõem um incrível conjunto de simplicidade que a audiência talvez se identifique com a extrema sinceridade autoral. Em nenhum momento a história tenta passar uma profundidade que não está lá, inclusive a série já virou meme pelas inúmeras caras blazé que o personagem ostenta quando ouve um discurso mega elaborado ou enfrenta um vilão recheado de ideais revolucionários:
One Punch Man é um humor fresco e que tão inocente que encanta pela pura simplicidade. É como ver se concretizando as ideias malucas que pensadas quando se tem 12 anos, é tão absurdo e ridículo que se torna cativante e encantador.
Grandes reflexões poderiam até ser feitas sobre os conceitos por trás da história de Saitama: deter um poder incomparável, atingir o seu máximo, heroísmo altruísta, etc. Todas seriam válidas, mas de algum modo trairiam a essência do que é One Punch Man, diversão despretensiosa e pura.
One Punch Man
ONE
[rating=5]
Recomendado para quem gosta de animações japonesas e curte humor nonsense.
O anime pode ser assistido por completo e com legendas em português no site Daisuki.net – clique aqui par acessar diretamente.