Acontece muita coisa em Sete Dias Sem Fim. O novo filme de Shawn Levy (diretor de todos Uma Noite no Museu) é sobre uma família um tanto disfuncional e consideravelmente grande. Quatro irmãos se reúnem na casa dos pais quando o patriarca morre e a mãe revela que, além do funeral, terão de cumprir o seu último desejo: um ritual judaico que os obriga a permanecerem juntos durante 7 dias.
A “Shivah” é uma tradição do povo judeu que consiste em viver o luto, distanciando-se de tudo que possa ser trabalho ou prazer durante uma semana. Assim, a família Altman se reúne e nosso anfitrião a essa narrativa é o sempre carismático Jason Bateman, que tem como irmãos: Tina Fey (tem como esse filme não ser pura simpatia?), Corey Stall (de House of Cards) e Adam Driver (Enquanto Somos Jovens). Jane Fonda é a mãe que rende momentos hilários.
O reencontro pela morte do patriarca da família Altman acontece no mesmo período em que Judd (Bateman) também vive o luto do seu relacionamento. Voltando do trabalho, no aniversário da sua esposa, ele a encontra na cama com seu chefe.
O tom aqui é de um humor negro ao estilo encontrado em filmes como Sete Casamentos e um Funeral ou Tudo Acontece em Elizabethtown. A história clássica de redescoberta das relações e de si próprio em um momento de dor continua universal e aqui é cheia de riquezas bastante contemporâneas.
Sete Dias Sem Fim é um filme sobre uma geração que aos 30 e poucos, se percebe frustrada com a falta sucesso em seus desejos mais pessoais. A realização financeira ou de networking pode até ser satisfatória, mas os sonhos e anseios para a vida adulta parecem ser apenas uma memória.
Na semana em que se veem obrigados a lidar com inúmeras memórias boas e ruins, a prole da família Altman se percebe extremamente infantil – no sentido de fragilidade, em especial. O irmão mais velho é incapaz de engravidar sua mulher; Wendy, a personagem de Fey, se percebe infeliz no casamento e com um amor abafado da adolescência; Philip, o caçula, é inconsequente e claramente um “adolescente tardio” com complexo de Édipo; Judd, nosso protagonista, faliu em perceber que sua esposa já não o amava há pelo menos 12 meses.
Nesse emaranhando de histórias, Sete Dias Sem Fim algumas vezes escorrega em gastar tempo desnecessário em piadas ou tramas secundárias que ficam confusas, como o amor adolescente de Wendy pelo vizinho da frente. Mas funciona especialmente bem quando aposta no tragicômico daquele núcleo familiar que, ao se reunir, ressignifica o individual e o coletivo em conflitos, memórias agradáveis do passado e decisões relevantes para o futuro.
Se durante a narrativa o temor de uma escolha final mais clichê ainda ganhou seu espaço, ele logo se desfez. O filme encerra mostrando que nesse jogo de fragilidades há tempo para tomar decisões que não são fáceis, mas necessárias. E Sete Dias Sem Fim também faz isso.
SETE DIAS SEM FIM (This is Where I Leave You)
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https://www.youtube.com/watch?v=K8jT1NU_DBk