Eu já nem tinha conseguido dormir na noite anterior, acordei cedo e ansioso em plena quinta-feira. Tomei café pensando nisso, não consegui abrir um livro pra estudar, almocei agoniado e mesmo com o lugar marcado, cheguei 2 horas antes.
“- Hoje eu vou ver Star Wars!”
Confesso que me surpreendi com meu nível de ansiedade, achei que isso era uma coisa que havia ficado enterrada 10 anos atrás. Mas não, talvez pelo fato de que consegui me abster da tentação de ler artigos, opiniões, conjecturas e um milhão de “furos” e supostos “vazamentos”.
Eu vi dois trailers e pronto, já estava criada toda uma expectativa e um hype tão grandes em mim que isso chegou até mesmo a me preocupar.
“- Queria ir sem nenhuma expectativa para esse filme…já pensou se me decepciono?”
A apreensão tomava conta, comprei um balde – literalmente – de pipoca e um litro de refrigerante (StarWars é maior que uma alimentação saudável) já meio arrependido. Entrei na sala, sentei e pela primeira vez queria que não tivesse nenhum trailer. Resolvi me concentrar na pipoca pra ver se conseguia baixar aquele monte de sal e manteiga.
“- Caramba, sempre compro essa pipoca enorme e não consigo comer tudo…”
De repente as cornetas anunciam a famosa obra de John Williams, a logomarca surge e eu percebo que não sabia nada sobre a trama desse episódio. Diferentemente dos episódios I, II e III, onde o status quo do universo iria convergir inevitavelmente para o que encontramos no episódio IV, eu estava diante de uma história onde tudo poderia acontecer.
“- Eita, caramba! Que massa! Eu nunca imaginei que eles estivessem fazendo isso!”
Eu comentava em voz alta, sem perceber, com meu colega ao lado, maravilhado apenas com o prólogo que rolava tela acima. Mais 10 minutos depois eu percebo que já havia comido toda a pipoca e muito embora eu estivesse em uma sala com poltronas reclináveis, simplesmente assisti o filme quase sentado. Empolgado, fascinado.
“- Eu preciso beber alguma coisa forte.” Foi minha frase assim que acabou a sessão.
Eu havia criado uma enorme expectativa e ela havia sido não apenas atingida, mas superada. Como fã, eu não estava preparado para um filme tão bom, que me agradasse tanto, que me emocionasse de verdade.
Saí embasbacado e demorei para voltar “ao normal”.
Foi uma noite em que nenhum deles dormiu. Andaram horas a fio, confiando apenas em uma promessa, uma expectativa.
Não há registro do que conversaram entre si, mas não é difícil imaginar eles trocando ideais que fossem da pura incerteza até a completa expectativa.
Um nascimento esperado por gerações, um evento prometido desde o Éden.
“- Como será esse Salvador?”
Uma pergunta que é quase certeza afirmar que surgiu ao menos uma vez naquela travessia. Eles levavam presentes, mas sem a menor ideia de quem iria recebê-los.
Carregavam consigo ouro, incenso, mirra, muita expectativa e curiosidade. Deparam-se com uma criança recém-nascida em uma manjedoura. Sem riqueza, seu odor ainda era de sangue e deitava-se em uma cama de palha.
E aquele menino era mais do que qualquer um pudesse esperar. A verdadeira superação de qualquer expectativa.
Veio nos livrar de uma prisão que era inquebrável por qualquer outro homem, dar esperança para o mais vil dos pecadores, resgatar a ovelha perdida.
Ter a expectativa superada é algo indescritível e nos paralisa em êxtase. Cristo foi tão maior do que aquilo que esperavam que Ele fosse, que muitos sequer conseguiam concebê-lo como real.
“- O próprio Deus? Encarnado? Andando entre nós? Blasfêmia!”
Era o que gritava os corações da época, incapazes de acreditar no tamanho daquela maravilha. AquEle que é maior que o Universo, andando de pés empoeirados, se fazendo também poeira junto ao pó.
Talvez se os contemporâneos de Jesus não tivessem lido tantos artigos, opiniões, conjecturas e um milhão de “furos” e supostos “vazamentos”; mas esperavam outra coisa, algo menor, vil e patético comparado com a maravilha da Graça que andava e falava.
É como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou {Is 64,4}, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam.
1 Coríntios 2:9
As Escrituras são, ao mesmo tempo, o trailer e o ingresso do maior espetáculo que ainda está por vir. Ela cria a maior expectativa possível e paralelamente nos mostra como comparecer sem falta ao show eterno.
E o melhor de tudo: jamais decepciona.
À cada Natal, o hype só aumenta.